Jornalismo Científico
SONAR Brasil – CRONUS: Compreendendo os padrões alimentares, o estado nutricional e os hábitos de sono dos brasileiros
O hábito de sono e alimentação saudável contribuem para a qualidade de vida e saúde em geral, incluindo não apenas o bem-estar físico, mas também o mental, social e espiritual.
Por: Daniel Albuquerque e Karlla Gomes – Estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas

Grupo de pesquisa Sonar-Brasil. (Foto: Grupo Sonar-Brasil)
A SONAR BRASIL é uma pesquisa conduzida pelo Grupo de Pesquisa-CNPq em Cronobiologia, Nutrição e Saúde (CRONUS) da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e tem como objetivo investigar os padrões alimentares, o estado nutricional e os hábitos de sono dos brasileiros.
Aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFAL e financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Alagoas (FAPEAL), essa pesquisa é fundamental para compreender a saúde da população e promover intervenções adequadas.
SONAR-Brasil já está na sua 3° edição e para participar da pesquisa, basta ser adulto (18-65 anos) e preencher um questionário de forma virtual a respeito dos seus hábitos alimentares e de sono. Após o preenchimento, as pessoas recebem através de e-mail, orientações gerais sobre alimentação, estado nutricional e sono. Além disso, o Grupo CRONUS disponibiliza gratuitamente uma série de Dicas de Saúde e eventos relacionados aos temas em suas páginas no Instagram e no YouTube.
O Grupo CRONUS é composto atualmente por 12 pessoas, entre eles docentes e estudantes de graduação e pós-graduação em Nutrição da UFAL e é coordenado pela Professora PhD Giovana Longo Silva, a qual tivemos o prazer de entrevistar, veja abaixo:

Nutricionista (UAM). Especialista em Nutrição em Saúde Pública (UNIFESP).
Mestre e Doutora em Ciências (UNIFESP) com doutorado sanduíche na Universidade do Porto (Portugal). Pós-doutora em Alimentação e Sono (Universidade de Barcelona-Espanha).
Professora da FANUT/UFAL. Líder do CRONUS
Coordenadora Giovana Longo Silva. (Foto: Grupo Sonar-Brasil)
Como surgiu a ideia de criar a pesquisa?
R: A ideia de criar a pesquisa surgiu da percepção da falta de dados sobre as rotinas de sono e alimentação da população brasileira. As pesquisas de saúde no Brasil geralmente não abordam os hábitos de sono, nem os aspectos temporais da alimentação, como os horários e a regularidade das refeições. Essas variáveis são essenciais para o estudo da crononutrição. Portanto, decidimos lançar a primeira investigação de âmbito nacional voltada para compreender os aspectos cronobiológicos do sono e da alimentação da população adulta brasileira. Através desses dados, esperamos entender melhor as relações entre sono, alimentação e nutrição, assim como sua associação com desfechos em saúde, como diabetes, hipertensão e outras doenças crônicas não transmissíveis.
Quais atividades você desenvolve dentro da Ufal? E fora da instituição?
R: Dentro da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), atuo como professora adjunta na Faculdade de Nutrição (FANUT), com dedicação exclusiva, o que significa que não possuo outros vínculos ou trabalhos fora da instituição. Na FANUT, ministro disciplinas na área de Nutrição em Saúde Pública para os cursos de graduação e supervisiono estudantes de iniciação científica. Além disso, sou docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Nutrição (PPGNUT) da UFAL, onde supervisiono estudantes de pós-graduação em seus trabalhos acadêmicos. Também desempenho o papel de coordenadora do grupo de pesquisa CRONUS, registrado na plataforma do CNPq, que se dedica ao estudo da Cronobiologia, Nutrição e Saúde. Este grupo é composto por outros docentes e estudantes interessados nessas áreas de pesquisa.
Qual foi sua maior influência no âmbito profissional e no âmbito pessoal?
R: Tive várias influências pessoais que me conduziram à área da nutrição e, especialmente, à dedicação a esta pesquisa. Desde cedo, desenvolvi uma forte afinidade com a alimentação, inspirada pelo meu pai, que sempre valorizou a importância de uma dieta saudável para a saúde. No entanto, foram meus professores ao longo da minha jornada acadêmica que tiveram o maior impacto em minha decisão de seguir na área acadêmica e me dedicar ao desenvolvimento de pesquisas. Suas paixões pela ciência da nutrição e seu compromisso com a excelência acadêmica me inspiraram e me motivaram a explorar mais profundamente este campo fascinante.
Especificamente em relação à pesquisa Sonar-Brasil, minha vontade de me envolver com a cronobiologia e crononutrição foi impulsionada pela influência da professora Marta Garaulet, da Universidade de Múrcia. Seus cursos virtuais e livros foram uma fonte de inspiração para mim, e sua abordagem apaixonada pela área despertou meu interesse em explorar esses campos de estudo mais detalhadamente. Assim, suas contribuições desempenharam um papel crucial em minha decisão de me envolver com esta pesquisa específica, que busca compreender melhor as interações entre o sono, alimentação e saúde.
Você almeja alcançar mais objetivos em sua carreira profissional? como?
R: Sim, como docente de uma universidade federal, tenho ambições de expandir ainda mais minha carreira profissional. No campo da pesquisa, pretendo continuar conduzindo estudos inovadores que não apenas abordem, mas também resolvam efetivamente os desafios cruciais em saúde pública. Isso inclui a busca por novas abordagens metodológicas e a colaboração com outros especialistas para explorar soluções impactantes e práticas. Além disso, tenho o compromisso de me manter atualizado com as últimas descobertas e tendências em minha área de atuação, garantindo que minhas pesquisas permaneçam relevantes e contribuam significativamente para o avanço do conhecimento e o bem-estar da sociedade.
Alguma situação marcou você dentro da Ufal? E na área da nutrição?
R: Certamente, a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) tem sido fundamental na minha trajetória profissional. Dentro da instituição, tive a oportunidade de participar de projetos de pesquisa que não apenas ampliaram meu conhecimento na área da nutrição, mas também me permitiram contribuir de forma significativa para a produção científica. Além disso, a UFAL proporcionou um ambiente acadêmico estimulante, onde pude interagir com colegas e alunos que compartilham do mesmo interesse e paixão pela nutrição. Essas experiências foram marcantes para o meu crescimento pessoal e profissional, e reforçaram meu compromisso em continuar contribuindo para o avanço do campo da nutrição e da ciência em geral.
Para você qual é a importância da sua profissão em nosso país?
R: Acredito que minha profissão desempenha um papel fundamental na saúde da população brasileira. Por meio da pesquisa e do trabalho em campo, podemos compreender melhor os fatores de risco e desenvolver tratamentos para uma ampla gama de doenças que afetam nosso país. A ciência da nutrição e do sono é especialmente crucial, já que comer e dormir são atividades essenciais e diárias para todos os seres humanos. Portanto, nossas descobertas visam promover melhores hábitos alimentares, padrões de sono e estilos de vida, contribuindo assim para a melhoria da saúde e do bem-estar da população como um todo.
Quais são os principais diferenciais da pesquisa?
R: Os principais diferenciais desta pesquisa residem no fato de ser pioneira, sendo a primeira iniciativa a se dedicar à compilação de dados sobre os aspectos cronobiológicos do sono e da alimentação no Brasil. Isso a torna única e inovadora, fornecendo informações inéditas que podem contribuir significativamente para o entendimento da relação entre esses aspectos e sua influência na saúde da população brasileira.
O que a população precisa saber sobre sono, alimentação e nutrição?
R: É essencial que a população compreenda a importância dos hábitos de sono e alimentação saudáveis para a qualidade de vida e saúde em geral. É crucial entender que o conceito de saúde abrange não apenas o bem-estar físico, mas também o mental, social e espiritual. É fundamental que as pessoas compreendam que a qualidade do sono está intrinsecamente ligada à sua alimentação. Dormir pouco ou mal pode aumentar o risco de obesidade e outras doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, depressão, ansiedade, câncer e Alzheimer, por exemplo. Da mesma forma, a alimentação também pode afetar a qualidade do sono. O consumo de alimentos pesados, ricos em açúcar, carboidratos simples, gorduras e cafeína à noite pode prejudicar o início e a manutenção do sono. Portanto, essa relação entre sono, alimentação e nutrição forma um ciclo vicioso que precisa ser compreendido e gerenciado para promover uma vida saudável e equilibrada.
Quantas pessoas atuam hoje na pesquisa Sonar-Brasil?
R: Atualmente, a pesquisa Sonar-Brasil conta com a participação de um total de 7 pessoas. Isso inclui 3 docentes, 2 graduandos e 2 mestrandos. Além disso, o grupo CRONUS, que está envolvido na pesquisa, possui 12 ex-alunos que contribuíram com o projeto durante sua graduação e mestrado.
Como é desenvolvida a pesquisa?
R: A pesquisa é conduzida através de um questionário virtual que é disponibilizado para os participantes em todo o Brasil. Este questionário abrange uma ampla gama de aspectos relacionados ao sono e à alimentação, permitindo a coleta de dados de forma abrangente e detalhada. Esses dados são posteriormente analisados e interpretados pelos pesquisadores para extrair insights e conclusões relevantes sobre os hábitos e padrões de sono e alimentação da população brasileira.
Você utiliza algum método que difere suas pesquisas das demais existentes?
R: Sim, um dos métodos que diferenciam nossas pesquisas é o uso de um questionário virtual baseado em escalas validadas. Isso significa que utilizamos instrumentos de medição reconhecidos e testados, que garantem a confiabilidade e a validade dos dados coletados. Essa abordagem nos permite obter informações precisas e comparáveis sobre os hábitos de sono e alimentação da população brasileira, o que pode diferenciar nossos estudos de outras pesquisas que talvez não utilizem métodos tão rigorosos de coleta de dados.
Como é a atuação da sociedade na pesquisa Sonar-Brasil?
R: A participação da sociedade na pesquisa Sonar-Brasil é essencial e ocorre principalmente através de nossos canais de comunicação online, como as páginas do Instagram e YouTube. Nestes canais, compartilhamos dicas de saúde semanais, organizamos eventos e promovemos conteúdos relacionados ao sono, alimentação e nutrição. Essa interação constante com a sociedade permite que nossa pesquisa seja mais abrangente e relevante, refletindo as necessidades e interesses da população brasileira.
Na sua visão, quais são as perspectivas para a sociedade daqui a alguns anos, correlacionando o sono, alimentação e nutrição?
R: Na minha visão, acredito que as perspectivas para a sociedade nos próximos anos são bastante promissoras, especialmente no que diz respeito à correlação entre sono, alimentação e nutrição. À medida que aumentamos nossa compreensão sobre como esses fatores interagem e impactam nossa saúde, podemos esperar que isso influencie diretamente as políticas de saúde pública. A inclusão do sono na agenda prioritária de saúde pública, juntamente com as questões relacionadas à alimentação e nutrição, será crucial para promover uma abordagem holística e abrangente para o bem-estar da população. Isso pode resultar em estratégias mais eficazes para prevenir doenças crônicas, promover hábitos saudáveis e melhorar a qualidade de vida da população.
Existe uma quantidade limite de pessoas que podem trabalhar na pesquisa?
R: Não, não há uma quantidade limite de pessoas que podem trabalhar na pesquisa. Todos os brasileiros que residem no Brasil, com idades entre 18 e 65 anos e que não estejam gestantes, podem participar. A pesquisa é aberta a todos que se enquadram nesses critérios, e quanto mais pessoas participarem, mais abrangentes e representativos serão os dados coletados.
Além do que é colocado no formulário durante o processo da pesquisa, vocês recebem muitos feedbacks dos participantes em suas mídias sociais?
R: Sim, recebemos muitos feedbacks dos participantes em nossas mídias sociais, como as páginas do Instagram e YouTube. Essas interações são valiosas para nós, pois nos permitem entender melhor as necessidades e preocupações da comunidade, além de fornecer insights adicionais que podem enriquecer nossa pesquisa. Estamos sempre abertos ao feedback dos participantes e buscamos responder de maneira atenciosa e útil a todas as perguntas e comentários que recebemos.
Existe algum requisito, seleção para poder trabalhar nessa pesquisa?
R: Para participar da pesquisa como um dos entrevistados, os requisitos já foram mencionados: os participantes devem ser adultos, brasileiros, residentes do Brasil, com idade entre 18 e 65 anos, e não estar gestantes. No entanto, para trabalhar diretamente na pesquisa, como membro da equipe responsável pela coleta e análise de dados, é possível que haja requisitos adicionais, como formação acadêmica em áreas relevantes, experiência em pesquisa, entre outros critérios específicos determinados pela equipe responsável pelo projeto.
Você consegue citar como exemplo, algum participante marcante, que conseguiu seguir as orientações e obteve um resultado?
R: Embora não haja um caso específico que se destaque, recebemos muitos relatos positivos de participantes que seguiram nossas orientações e obtiveram resultados significativos. Muitos seguidores compartilharam que seguir nossas recomendações os ajudou a melhorar a qualidade do sono e a priorizar mais sua saúde mental e física. Além disso, vários estudantes que ingressaram em nosso grupo inicialmente não tinham hábitos de sono adequados, mas, ao seguir nossas orientações, relataram melhorias em sua qualidade de sono e perceberam diferenças em sua atenção, humor e bem-estar geral no dia a dia.
