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Jornalismo Científico

Observatório do Turismo de Alagoas: inteligência de dados norteia políticas públicas de desenvolvimento socioeconômico ao setor

Ação integrada entre pastas estaduais e UFAL demonstra compromisso com o avanço do
conhecimento ao desenvolver banco de dados público e gratuito.

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Por Nathália Louise – Estudante de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas

A criação do Observatório do Turismo de Alagoas representa um marco significativo no
desenvolvimento, transparência e planejamento do turismo no estado. Essa iniciativa
inovadora e acessível à população é fruto da parceria inovadora entre a Secretaria de Estado
do Turismo (SETUR), Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (SECTI)
e a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), por meio do do Programa de Residência em
Ciência dos Dados da Secti, pelas equipes do Laboratório de Computação Científica e
Análise Numérica (LaCCAN), destaca a importância do trabalho científico transversal como
base fundamental para embasamento de políticas públicas.

Segundo a secretária de Estado do Turismo de Alagoas, Bárbara Braga, diversos bancos de
dados foram cruzados para que um diagnóstico situacional customizado pudesse ser desenhado em um sistema on-line intuitivo e moderno com informações sobre o turismo em Alagoas. “Nessa parceria com a Secti e a Ufal, pudemos desenvolver uma plataforma que trouxesse informações detalhadas sobre o nosso estado, não só da perspectiva para o turista, mas também para fomentar o desenvolvimento econômico. Embasar a decisão dos empresários e gestores públicos com dados verdadeiros e atualizados é importante para o fortalecimento do
turismo”, destacou Bárbara.

Todos esses estudos reunidos e analisados pela Superintendência de Planejamento e
Prospecção de Negócios Turísticos, liderada pela superintendente Selefe Gomes, resultaram
numa ampla gama de questões, desde o perfil dos turistas até o impacto econômico e social
do turismo no estado. Gomes, que também é cientista social pela UFAL e mestra em ciência
política pela UNB, acrescenta que este processo salientou o potencial transformador da
pesquisa acadêmica na busca por soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelo setor
do turismo.

“A iniciação científica desempenhou um papel crucial na criação do Observatório do Turismo
de Alagoas, fornecendo o suporte técnico necessário para sua realização. A partir da coleta,
análise crítica e limpeza de dados para melhor organizá-los nesta ferramenta digital
disponível à todos gratuitamente, foi possível realizar estudos detalhados sobre o turismo no
estado a fim de desenvolvê-lo de maneira assertiva e sustentável conforme determinação da
nossa secretária Bárbara Braga”, explicou Selefe Gomes.

Para o titular da Secti, Silvio Bulhões, o resultado do trabalho que foi desenvolvido mostrou a
importância da ciência nesta parceria, que rendeu mais uma ferramenta pioneira no estado.
“Teremos uma ferramenta que unirá todas as informações do trade turístico de Alagoas,
tornando muito mais fácil, transparente e prático o acesso às informações. Será possível
selecionar regiões, cidades e os assuntos sobre o qual a pessoa deseja obter informações. Com
apenas alguns cliques, seja no site ou no aplicativo, que será lançado em breve, todos os
dados poderão ser consultados gratuitamente quantas vezes forem necessárias”, explicou o
secretário.

Governador Paulo Dantas, secretária de Estado do Turismo, Bárbara Braga, e equipe no lançamento do Observatório do Turismo (Foto: Lucas Meneses)

Como funcionam os Observatórios do Turismo no Brasil?

Na perspectiva nacional, os observatórios do turismo são utilizados como ferramentas
essenciais para a gestão eficaz do turismo. Eles fornecem informações e análises que
subsidiam políticas, a partir do monitoramento do fluxo turístico, avaliação do impacto
econômico, análise do perfil dos turistas, monitoramento da satisfação dos turistas, além do
planejamento e desenvolvimento turístico do setor em um país.

Alguns exemplos de observatórios de turismo que têm sido notáveis ou conhecidos em
diferentes regiões do país:
Observatório de Turismo de São Paulo: iniciativa da Secretaria de Turismo do Estado de São
Paulo e tem como objetivo monitorar, analisar e divulgar informações sobre o turismo no
estado de São Paulo.

Superintendete de Planejamento e Prospecção, Selefe Gomes, em evento nacional do turismo. (Foto: Nathália Louise)

Observatório do Turismo do Rio de Janeiro: criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro, este
observatório monitora e analisa dados relacionados ao turismo na cidade e na região
metropolitana do Rio de Janeiro.

Observatório do Turismo de Santa Catarina: iniciativa da Secretaria de Turismo do Estado de
Santa Catarina e visa fornecer informações estratégicas para o desenvolvimento do turismo
no estado.

Observatório do Turismo da Bahia: mantido pela Secretaria de Turismo do Estado da Bahia e
tem como objetivo monitorar e analisar o turismo em todo o estado, incluindo destinos
populares como Salvador, Porto Seguro e Morro de São Paulo.

Observatório do Turismo do Ceará: Mantido pela Secretaria de Turismo do Estado do Ceará,
este observatório monitora o fluxo turístico, analisa tendências e fornece informações
relevantes para o desenvolvimento do turismo no estado.

Perfil

(Foto: Nathália Louise)

Selefe Gomes da Silva Neta, 27 anos
Lattes: http://lattes.cnpq.br/1684343348398464
Graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Alagoas – 2018;
Especialização pela Universidade Estácio de Sá – 2020;
Mestra pela Universidade de Brasília – 2024;
Grupo de Pesquisa Instituições, Comportamento Político e Democracia e do Grupo de Pesquisa Aspectos Sociais da Produção do Conhecimento da Universidade Federal de Alagoas;
Superintendente de Planejamento e Prospecção pela Secretaria de Estado do Turismo de Alagoas;

Entrevista com a cientista política Selefe Gomes

P: Durante a graduação, você fazia parte de grupos de pesquisa? Eles dialogavam de alguma forma com o seu mestrado ou levaram até esse tema? Explica a sua jornada acadêmica, como foi esse processo, por favor.

R: Inicialmente eu comecei minha pesquisa na área de sociologia. Fiz o curso de ciências
sociais, que têm sociologia, ciência política e antropologia. Fiz uma pesquisa sobre trabalhos
acadêmicos no Brasil de sociologia e as partes fundamentais para a iniciação científica. Em
seguida, ganhei um prêmio dessa iniciação, com essa pesquisa, que foi PIBIC.
Depois,iniciei pesquisas relacionadas à ciência política e daí eu fiz trabalhos em torno do
executivo e da administração pública de reformas administrativas estaduais no Brasil. E no
meu TCC, em específico, foi Alagoas, porque a gente tem histórico de muitas reformas
administrativas e pouco resultado efetivo. Em meu TCC, a minha banca até tinha uma
professora de fora, então eu tirei nota máxima, graças a Deus. E tive outras pesquisas
relacionadas a tanto reforma legislativa,como a efetividade da política pública, administração,
nas áreas de, por exemplo, ciência e tecnologia, que é o que eu tenho no capítulo do livro.

P: Me fala um pouco do seu mestrado, no que é que ele foi, qual a importância dele para o meio científico?

R: O meu mestrado, por conta da pandemia, teve vários atrasos e prolongamentos de prazos.
Ele iniciou em 2020 na UNB, no Instituto de Ciência Política. Inicialmente, eu estava no
setor de instituições, por isso, até hoje eu participo do laboratório de pesquisa na parte de
instituições políticas públicas. Entretanto, o meu mestrado em si foi em capacidade estatal, só
que o foco era na capacidade estatal subnacional, analisando os estados.
Neste contexto, então, eu fiz um índice de capacidade estatal, considerando alguns
indicadores de eficiência e tudo que envolvia a metodologia de capacidade estatal e no que
ela está inserida. Com esse índice, fiz uma análise de casos de um estado específico que tinha
dados consideravelmente altos, mas índices socioeconômicos baixos, que foi o estado do
Piauí.

A minha expectativa não era estudar, inicialmente, por meio dessa análise de caso. Porém,
por se tratar de um objeto muito diferente, mesmo não sendo considerado um outsider, mas
ele é considerado muito distinto do que a literatura vem falando, então fizemos essa análise
comparando os índices socioeconômicos com os índices de capacidade.

No final, considero que alguns aspectos não são fundamentais para o desenvolvimento
socioeconômico, como, por exemplo, a burocracia é fundamental. Ter burocratas
qualificados e estáveis é essencial para que a política pública seja eficiente, mas não é
suficiente para que ela aconteça. Então, é uma das análises feitas no final da pesquisa, a qual
foi feita no modelo de artigo, caminho desenhado pelo meu orientador, o professor Adrien
Albala.

Temos uma expectativa muito grande de continuação da pesquisa, analisando as mais
características desses estados, a fim de pontuar como é que a política pública estadual,
considerando tanto a distribuição para os municípios quanto o recebimento de investimentos
federais, impacta na qualidade da política pública, independente de qual setor.

P: O que é capacidade estatal?

R: A capacidade estatal refere-se à habilidade do Estado em exercer suas funções de forma
eficaz e eficiente. Isso inclui a capacidade de formular e implementar políticas públicas,
garantir a aplicação da lei, fornecer serviços básicos à população, administrar recursos de
forma transparente e responder às demandas da sociedade. Uma capacidade estatal forte é
crucial para o funcionamento adequado de um governo e para promover o desenvolvimento
socioeconômico de um país.

P: Como que a sua graduação, o seu mestrado, as suas pesquisas acrescentam na sua vida profissional, agora enquanto superintendente?

R: Todo o processo de graduação e de pesquisa, tipo a minha carreira acadêmica, me ajudou
em várias coisas. Primeiro, pessoalmente, visualizar e conseguir analisar questões sociais,
onde eu estou e o meu estado com muito mais clareza. Segundo, no trabalho isso me ajuda a
ter uma visão mais analítica tanto das informações, as quais eu sou solicitada para fazer uma
avaliação, quanto de pensar em projetos de forma estruturada.

Essas noções acadêmicas, mesmo que sejam parecidas e teóricas, auxiliam no processo de
planejamento específico do meu cargo, mas também de organização de informações, de
projetos, de etapas de projetos a qual eu sou submetida no meu trabalho.

P: Na Governança do Governo de Estado de Alagoas, durante seu trabalho anterior ao da Secretária de Estado do Turismo, como que a sua carreira acrescentava?

R: Na governança, a gente tem acesso a muitos bancos de dados muito extensos e na
exclusivamente de forma qualitativa, então, a gente precisava fazer uma análise tanto de
política pública, como avaliação de política pública, assim como de análise de viabilidade de
política pública. Assim, a minha graduação me ajudou bastante nisso, também minha
formação de ciência política me ajudou a entender como as decisões são tomadas e os
reflexos para as ações públicas.

P: A sua graduação de algum modo ela acrescentou ou facilitou no processo de criação do observatório do turismo? Como é que foi esse processo de construção do Observatório do Turismo?

R: O observatório foi o primeiro desafio que a secretária Bárbara me passou. Nós,
acadêmicos, sabemos tratar os dados e analisá-los. A gente recebe muitos números de
aeroporto, de cruzeiro, de hotelaria e a gente precisa fazer uma análise desses dados para que
traga informações úteis tanto para tomada de decisão da secretaria quanto para planejamento
de próximas ações. Então, a graduação me ajudou a fazer essa análise de dados, a saber
mexer em bancos de dados grandes e limpá-los, que foi o que mais foi cansativo e é até hoje,
pois são 53 municípios turísticos e cada um tem uma forma de fazer essa coleta de
informação.

Na graduação, a gente tinha matérias e eu tive pesquisas, onde a gente tinha que fazer análise
de banco de dados do IBGE, do estado, de eleições, que são muitos números, então isso
ajudou bastante.

P: Como é que foi a articulação junto com a UFAL e a SECTI?

R: Essa parceria começou com a reunião que a gente fez com a Secti. Tínhamos o interesse
de fazer um sistema, só que as propostas que recebemos eram com valores muito altos, então
a gente procurou a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação com uma forma de
orientação de como a gente poderia contratar.

Como eles tem um programa de residência para alunos que mexem com isso, então tinha uma
parceria com a equipe específica da UFAL, que poderia fazer isso. Neste programa de
residência, o Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica (LaCCAN), a Setur
não teria custo, o que foi perfeito para a gente. Assim, começaram as tratativas e o processo
formalizado. Depois, fomos organizando as informações, modelando o banco de dados,
subindo, fazendo a estruturação do observatório para ser o que ele é hoje.

P: O que é o Observatório do Turismo?

R: O Observatório do Turismo de Alagoas é uma iniciativa voltada para a pesquisa,
monitoramento e análise do turismo no estado de Alagoas, localizado na região nordeste do
Brasil. O objetivo principal do observatório é reunir e analisar dados relacionados ao setor
turístico, como fluxo de visitantes, perfil dos turistas, impactos econômicos e sociais do
turismo, entre outros aspectos relevantes.

Por meio da coleta e análise dessas informações, o Observatório do Turismo de Alagoas
busca fornecer subsídios para o desenvolvimento de políticas públicas, planejamento
estratégico, tomada de decisões e promoção do turismo de forma sustentável no estado. Além
disso, ele também pode servir como uma fonte de dados e informações para o setor privado,
agências de viagens, empresários do ramo hoteleiro, entre outros atores envolvidos na
indústria do turismo.

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