Jornalismo Científico
Higor Spinelli: pesquisa e esporte
Pesquisador é técnico de voleibol e atua bravamente no Instituto de Educação Física e Esporte da Ufal.
Por Guilherme Nobre, Raphael Silva e Layane Silva – Estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas
A pesquisa na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) tem várias vertentes. Porém, há uma delas que às vezes fica um pouco escondida, na área do esporte. Sendo um segmento que pode abranger diversas áreas, o esporte comumente ajuda no desenvolvimento prático e educacional de diversos alunos.
Um dos personagens que mais utiliza o esporte como catalisador de educação e descobrimento científico é o técnico de voleibol Higor Spinelli, que atua bravamente no Instituto de Educação Física (IEFE) da UFAL.

O principal trabalho do treinador hoje em dia é referente
aos polimorfismos genéticos, causados pela ingestão de cafeína – (Foto: Raphael Silva)
Higor está no campo acadêmico há diversos anos e, recentemente, iniciou um projeto de doutorado para auxiliar garotos que competem esportivamente, além de ajudar biologicamente a comunidade científica, que pesquisa sobretudo em relação à saúde, relacionada com as atividades físicas.
O principal trabalho do treinador hoje em dia é referente aos polimorfismos genéticos, causados pela ingestão de cafeína e como isso pode interferir no desenvolvimento físico e nas práticas esportivas.
Em busca do entendimento da pesquisa e da divulgação da mesma, Higor conversou com a equipe de reportagem e explanou os projetos.
Conta um pouco da sua jornada dentro da universidade e nada vida pessoal.
R: Meu nome é Higor Spinelli. Sou professor substituto no IEFE na UFAL. Eu terminei recentemente o doutorado, em Ciências da Saúde, sou mestre em nutrição, com duas graduações: licenciatura e bacharelado em Educação Física. O meu bacharelado fiz na universidade de Minas Gerais, em Lavras. A licenciatura fiz na UFAL, bem como mestrado e doutorado. Também sou técnico nível 4 pela Confederação Brasileira de Vôlei, trabalho com o esporte há um tempo. Também sou árbitro da Federação Alagoana de Vôlei. Estou como professor desde junho de 2023 e tenho o projeto FCT Treino, desde 2014, além de ser técnico do time de vôlei da UFAL.
Qual a abordagem da sua pesquisa?
R: Nosso projeto traz adolescentes para a universidade. Isso para tentarmos descobrir talentos no vôlei e aproximar os jovens da universidade. Nossa abordagem foi dentro da ciência do esporte, que a gente trabalhou com nutrição, biologia e a educação física de maneira geral. Trabalhamos com os atletas a suplementação da cafeína e o polimorfismo genético, que são variações que podem causar uma diferenciação na atividade de enzimas, que podem alterar o perfil metabólico do sujeito. A gente teve uma revisão de literatura e um estudo experimental, para a gente verificar se suplementando cafeína poderia melhorar o desempenho do atleta.
Como foram realizados os estudos da sua pesquisa?
R: A gente pesquisou a cafeína e percebemos que a suplementação dela, 60 minutos antes da atividade física, fazia efeito para algumas pessoas e para outras não. E aí começamos a pesquisar sobre o polimorfismo. Descobrimos que existe um genótipo, de uma enzima que metaboliza a cafeína e que esse genótipo pode alterar essa enzima. Diante disso, testamos, para ver as diferenças nos sujeitos e chegamos nessa lógica.

Higor iniciou um projeto de doutorado para auxiliar garotos que competem esportivamente – (Foto: Raphael Silva)
Na questão bibliográfica, onde a pesquisa fez a diferença e como ela evoluiu?
R: Nós fizemos a revisão bibliográfica, para pesquisar o que a literatura falava sobre isso. Fomos buscar artigos, dados nacionais e internacionais. Em segunda instância, resolvemos selecionar atletas de vôlei para testarmos, casou muito bem na ideia. Suplementamos eles em quatro dias diferentes com cafeína, com 30 ou 60 minutos antes dos testes. Fizemos um jogo de vôlei, antes do jogo coletaram urina e peso, depois do jogo, coletamos novamente. Mandamos tudo para o laboratório de química e a gente fez a análise antes e após de suplementar. Sangue enviado ao ICBS, para ver o polimorfismo e tudo isso foi analisado para fazermos o trabalho de resultados”.
Quais os resultados encontrados em sua pesquisa? Foram satisfatórios?
R: Na pesquisa, encontramos seis sujeitos que metabolizam lentamente a cafeína e 15 que metabolizam de maneira rápida. Dentro disso, percebemos que ser lento ou rápido modifica o desempenho metabólico do sujeito. Isso é um grande achado na literatura mundial, porque ninguém tinha feito isso até hoje. Encontramos um resultado muito satisfatório. Também percebemos que com a cafeína, alguns testes de salto melhoraram, outros não. Agora nossa próxima proposta é fazer uma cinética de cafeína. Suplementar os atletas e fazer coletas de sangue. Estamos com muita expectativa.
E em relação ao seu doutorado, como foi o processo?
R: Minha história com o doutorado é mais complexa. Por conta da pandemia, tivemos que dar uma pausa. Depois que voltamos a coletar o trabalho, não deu certo a análise inicial. Tive que refazer a coleta de doutorado, tivemos que pensar em um novo projeto, que foi esse dos atletas no vôlei. Consegui concluir em dezembro de 2023.
