Jornalismo Científico
O aparecimento dos desaparecidos: A luta pelo reconhecimento, respeito e visibilidade da representação indígena
Por Débora Cândido, Eduardo Matheus e Hugo Macário – Estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas
Estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) evidenciam projeto de extensão que revela a presença indígena no Brasil Republicano Estudantes de Jornalismo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) evidenciam uma das narrativas menos exploradas da história brasileira por meio do projeto de extensão “Produtividade em Pesquisa (PQ2) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ)”. Coordenado pela professora substituta Michelle Reis de Machado, o estudo desafia concepções arraigadas sobre a presença e o papel dos povos indígenas no Brasil do século XIX e XX. Michelle estuda e compartilha a história sobre a natureza e os objetivos do projeto, assim como os desafios e impactos sociais que ele enfrenta.

Michelle Reis de Machado – (Foto: arquivo pessoal)
A motivação por trás do projeto é profunda e pessoal para Michelle. Sua própria ancestralidade indígena, descendente do povo Puris no norte do Rio de Janeiro, aliada à sua experiência como educadora e pesquisadora, impulsionou-a a explorar mais profundamente a história dos povos indígenas. A pesquisadora comenta que o projeto não apenas busca corrigir lacunas históricas, mas também desafia noções arraigadas de que os povos indígenas eram “primitivos” e destinados a serem absorvidos pela marcha do progresso.
Ao invés disso, o estudo pretende dar voz aos indígenas como agentes históricos ativos, mostrando suas estratégias de (re)existência ao longo dos séculos XX e XXI. O principal desafio do estudo, segundo Michelle, é a escassez de materiais históricos que incluam os povos indígenas, bem como a dificuldade social de conscientizar as pessoas sobre a invisibilidade causada pelo racismo contra esses povos.
Desenvolvimento
De acordo com a especialista, foi percebida uma necessidade da população alagoana em saber sobre o paradeiro dos povos originários após o período colonial, ‘’comecei a ser convidada para participar de eventos, falando sobre a história indígena, fui meio que entrando nessa área de pesquisa, além de fatores pessoais como ser originária desses povos…’’ destacou a pesquisadora.
Após iniciar sua pesquisa, foi percebido por ela que esse ‘’silenciamento’’ dos povos originários não foi por acaso, justamente por existir no período onde a cultura indígena e seus processos produtivos não eram acolhidos para época, marcada pela alta industrialização do país e o desenvolvimentos dos meios de produções capitalistas, visando exclusivamente o lucro. Assim, os povos indígenas foram considerados como ‘ultrapassados’, acreditando piamenre que uma hora ou outra eles iriam também adotar essa forma de vida e produção, perdendo sua conexão com a terra e natureza.
O projeto surgiu a partir de um edital da Fapeal, visando o incentivo a projetos na área de humanas em 2022. Após a contemplação, parte dos integrantes da Extensão Universitária conta com uma equipe diversificada de colaboradores, como pesquisadores indígenas e até mesmo da Espanha. Michelle conta que o projeto envolve alunos graduandos em História e que foram contemplados com bolsas e vagas para voluntários.
Ela expressa felicidade ao afirmar que os dados coletados serão transformados em uma coletânea que vai ser divulgada em evento organizado pela colaboradora em outubro de 2024. Michelle ainda destaca que: ‘’a comunidade acadêmica precisa dialogar mais com a sociedade e principalmente a indígena, pois muitos indígenas estão ingressando nas universidades, mesmo com projetos que tratem de temas indígenas, não há um diálogo em específico com os intelectuais indígenas e suas lideranças, visando descontruir uma visão racista contra esses povos resultando em um apoio maior da causa desses povos…’’ ainda há muito a ser feito sobre o assunto, mas a cada dia que se vai, os povos originários chegam mais perto do espaço onde nunca deveriam terem sido retirados, marcando presença na vida da sociedade brasileira e sendo reconhecidos através de suas lideranças e intelectuais, a cada dia conquistando mais respeito aos donos do pedacinho de terra que chamamos de Brasil.
